Os Portugueses a Gostarem de Si Próprios

Convidar o nosso vizinho para um cozido à portuguesa é mais barato e eficaz do que comprarmos um carro de marca para o impressionar com dinheiro que não temos. A máxima dum padre da minha juventude "ser mais do que ter" continua válida.

Percebermos que o nosso enraizado pessimismo é uma forma de medo, sobretudo medo de olharmos para nós próprios. Precisamos de ser mais corajosos face aos nossos medos. A culpa não é sempre dos outros.

A democracia é feita por nós todos os dias, em casa, no trabalho e na rua. Nunca devemos baixar os braços e deixá-la apenas aos políticos. passámos da passividade para o protesto. O próximo passo é a iniciativa para construir alternativas melhores.

A educação deverá ser primeiro que tudo e sempre Aprender a Aprender. A pensar, partilhar, fazer. Não ter medo de errar, experimentar, criar. Das ciências às artes, do simples ao complexo, de aprender a fazer um nó a entender as máximas dum filósofo. Aprender deve ser um prazer que nasce da curiosidade insaciável.

A cultura não pode ser entendida como um gasto, como elitista ou livresca. A cultura é criada por todos nós e vai da tradição à modernidade, dos agregação de grandes públicos à experimentação. A cultura deve ser viva e partilhada, porque é a maior riqueza de todos nós. Aprender a amassar pão como antigamente ou ler Damásio é cultura.

As mulheres e homens mais velhos devem ser respeitados e amados pelo que já nos deram e pelo que nos podem ensinar sobre os erros e a dor, mas também sobre o bom senso e a essência da felicidade. Se a esta sabedoria juntarmos a energia dos mais novos, corremos sérios riscos de termos uma comunidade melhor.

Os nossos heróis, mais do que jovens futebolistas e actrizes de novela, devem ser o médico cirugião e o bombeiro que salvam vidas, o cientista que vai onde nunca niguém chegou, o melhor professor da nossa escola.

Temos todos a séria responsabilidade de premiar o mérito de quem se esforça e partilha, e não de quem é mais "esperto" e engana melhor.

Não podemos ter meio ou um milhão de desempregados, que fazem falta a todos nós. os próprios, as empresas e o estado têm que arranjar uma saída onde todos ganhem mais do que perdem.

O combate à pobreza tem quer ser muito mais sério no apoio e sobretudo em dar-lhes ferramentas para lutarem na saída desse ciclo. Começa no pão e acaba na educação.

Não devemos esquecermo-nos nunca do cheiro da terra. Da horta caseira às terras abandonadas, a agricultura tem que voltar a ser um trabalho digno e rentável para quem a pratica. O mesmo para a pesca, floresta e pecuária. Aprender a podar e cavar pode começar numa tarde de escola. E entendermos de vez o nosso mar como um potencial enorme, económico e se quiserem, também poético.

A maior parte dos portugueses trabalham bastante e ganham mal, temos é que trabalhar melhor. Responder às solicitações com rapidez e eficácia, trabalhar mais em equipa e ter formação contínua são exemplos. E premiar o mérito.

As pessoas têm que trabalhar, preferencialmente usando as suas melhores capacidades. Mas a economia é apenas uma faceta da vida humana. Não devemos viver só para trabalhar e muito menos sentirmo-nos impotentes perante a ganância duma minoria, seja em sistemas ditos comunistas ou capitalistas. O poder é dos cidadãos, pelos cidadãos e para os cidadãos.

Todos nós devemos viajar, nem que seja para ver o mar ou atravessar a fronteira de tenda e mochila. Sempre o fizémos e esse traço sempre nos tornou menos ignorantes e mais tolerantes.

Finalmente, precisamos todos de um sorriso mais largo e corajoso, sempre com os pés na Terra e a cabeça no Mar.

Um abraço

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