Textos Íntimos Sobre Um Assunto Sem Importância

A câmara circula-nos a mesa e os corpos e talheres sentados enquanto te falo das guerras e dos planetas e das verdades arquitectónicas das emoções e acções, enquanto tu apenas respiras e a minha voz se torna distante, apenas os graves a amaciar-te e proteger-te a pele, tu a perderes o meu olhar e a percorrer o meu pescoço o meu peito o ventre até ao meu sexo que não consegues olhar mas que sentes, os lábios que se vão tornando carnudos e vermelhos enquanto fazes amor comigo dentro, não me deixes apanhar o teu olhar de sexo, querer puxar os teus cabelos e morder os teus lábios. Fodo-te em silêncio. Tu e as outras, não me rocem os seios nas costas e nos braços, não se encostem quentes, não me soprem às orelhas, não me aproximem os lábios enquanto falam, não olhem para os meus lábios, não me telefonem em noites de luar, não me estejam sempre a dizer foda-se e caralho como se fosse casual, não acendam velas, não ponham o ombro de fora e mais e mais enquanto me viro e vou à casa de banho, não me façam sentir o vosso olhar enquanto estou de costas, não se atrevam a apalpar-me às escondidas enquanto danço apertado na pista, não sigam a minha pista, não me farejem, não larguem o perfume dos vossos poros e o sabor do vosso sexo, não me mandem casuais mensagens electrónicas, não me falem dos gajos e dos namorados, não me queiram puxar para os vossos ninhos, não se ponham de gatas em noite parda, com as ancas em flor, os cabelos a escorrer pelas costas, não me provoquem um tesão incontrolável a subir as pernas, a rebentar das calças, o sangue a bombear e as veias bomba relógio prestes a explodir, a glande a brilhar à espera na brisa nocturna, tremo, agarro-te, puxo os teus cabelos, mordo-te o pescoço traseiro enquanto te penetro, o sémen, engravido-te, protejo-te, gemes baixinho, pós respiramos sincronizados, o suor salgado que seca enquanto adormecemos, não posso ser teu e teu e teu, sou predador, luto contra eu, não aqueço o calor morno dos teus dias, não construo o teu ninho, sou um cabrão, sou lobo, sou da pior espécie, aquele que te olha meigamente enquanto te enterra a lâmina, não porque sim mas porque é a minha condição, foge, cospe e despreza porque a minha única fuga é devorar-te. Agora. Adormecemos. 

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